sexta-feira, 5 de março de 2010

Agressividade

Agressividade dos cães

E ae gente hoje vou falar de agressividade“Conhecer as situações de risco

é a melhorforma de evitar acidentes”.

Aprendemos que o cão é o melhor amigo do homem. E a maioria das pessoas não tem a menor dúvida a este respeito.
O que então está errado?
Por que acontecem tantos acidentes com cães?
Quem realmente é culpado?
O homem ou o cão?
Procurando uma resposta para estas perguntas, entendemos ser mais interessante e educativo, conhecer melhor a natureza do cão, o seu comportamento, como vive, como interpreta a nossa movimentação. Enfim, conhecer as situações de risco que podem ocorrer e como evitar o acidente.
A agressividade pode ser definida como um comportamento normal pelo fato de os cães serem predadores, e é também um importante mecanismo de defesa que é ativado toda vez em que ocorre uma ameaça à sua sobrevivência ou a estrutura hierárquica da matilha.
Excluímos deste conceito os extremos gerados tanto pelo medo, como pelo desvio de temperamento de origem genética, ou ainda doença neurológica. Este grupo de cães deve ser analisado separadamente em função do estado de anormalidade em que se encontram.
Para um melhor entendimento, relacionamos a seguir as diversas formas de agressividade que podem se manifestar nos cães e posteriormente analisaremos cada forma separadamente.
Formas de agressividade:
1 - Agressividade por dominância;
2 - Agressividade territorial;
3 - Agressividade maternal;
4 - Agressividade por disputa de posição
5 - Agressividade por disputa da propagação da espécie;
6 - Agressividade predatória;
7 - Agressividade por aprendizado;
8 - Agressividade por medo;
9 - Agressividade genética;
10 - Agressividade neurológica.

Agressividade por dominância
Os cães têm uma enorme necessidade de ter e ver todas as posições hierárquicas claramente definidas e ocupadas. A função do líder da matilha abrange as mais diversas atividades que vão desde a demarcação, vigilância do território, segurança, guarda e proteção de toda a matilha, bem como a manutenção de cada participante dentro da sua posição hierárquica. O líder não aceita ameaça, desafio e insubordinação.
Observamos que sob o ponto de vista dos cães, nós humanos, somos vistos também como caninos e a nível doméstico, todos homens e cães, formamos uma só matilha.
O desconhecimento deste conceito básico e elementar, leva o homem muitas vezes, a agir de forma equivocada e com risco imediato de um acidente. A maioria dos casos de agressão por dominância ocorre com machos após os dois anos, porque nesta idade o cão necessita ver claramente a função que ele ocupa na matilha. Se o cão notar que o dono não está cumprindo clara e corretamente a função de líder dentro da matilha, sentirá que a matilha está se fragilizando e por uma questão de sobrevivência da própria matilha, se verá obrigado a disputar e assumir a liderança, e ao mesmo tempo não terá mais nenhum motivo para obedecer ao dono, pois no conceito canino, o líder não obedece. Neste momento o cão poderá agredir o próprio dono que agora é visto por ele como um elemento hierarquicamente inferior.
É importante também que nesta idade o cão já esteja adestrado e que o dono conheça e domine a técnica de liderança para poder se impor corretamente, como o verdadeiro líder da matilha.
Comportamento a ser adotado a nível familiar.
Para o cão, qualquer pessoa que não faça parte de grupo familiar é sempre visto como um estranho e conseqüentemente um invasor, que deverá ser vigiado e repelido.
O cão não sabe quem são nossos amigos ou mesmo parentes, estas pessoas deverão sempre ser apresentadas ao cão como amigos.
Durante uma festa, nunca deverá ser feita aproximação com o cão, a bebida leva as pessoas falarem com um tom de voz mais alto e uma movimentação diferenciada, (bem mais descontraída que a habitual) chamará atenção e despertará imediatamente o instinto de caça do cão, fato que poderá levá-lo a uma agressão.
Dar restos de comida, e principalmente pedaços de ossos durante uma festa é uma situação propícia para a ocorrência de um acidente. Neste momento, a simples passagem de uma criança por perto de um cão que está saboreando um osso, poderá ser interpretada como um concorrente que está preste a disputar com ele a caça (osso), fato que poderá gerar uma agressão imediata.
OBS: Estas situações se aplicam de modo geral a todos os cães, podendo haver variações conforme a raça, temperamento e o grau de sociabilização do cão. O importante é saber que é uma situação de risco que sempre deve ser respeitada.

Agressividade Territorial
Muitos acidentes com cães ocorrem simplesmente porque as pessoas ignoram ou ainda desrespeitam a noção que os cães têm de seu território. Aliás, não são somente os cães que possuem instinto territorial, encontramos o mesmo instinto em outras espécies, como aves, felinos e até em algumas espécies de roedores. Só para exemplificar, o nosso Quero-Quero, que ao perceber qualquer aproximação de estranhos, tanto de dia como durante à noite, vai logo avisando ao intruso que aquele pedaço de chão tem dono!
Mas, especificamente em relação aos caninos, todos têm instinto territorial, independente da raça. Uns manifestam o instinto mais, outros menos. O sinal de ALERTA, que a grande a maioria dos cães dão ao constatarem a aproximação de estranhos, nada mais é do que a manifestação do seu instinto territorial, que é observado até nos cães de companhia, que vivem em apartamentos.
Por sua natureza, o cão, e principalmente os cães de guarda, possuem um instinto de território bem mais desenvolvido, e é por isso que são utilizados nos serviços de guarda e proteção. Em princípio, eles não admitem invasão e/ou a permanência de estranhos em seu território. O estranho pode tanto ser uma pessoa, outros cães ou outras espécies de animais. Conhecer e respeitar este conceito é fundamental para se evitar acidentes graves.
Hoje em dia, o território do cão é o nosso apartamento, a nossa casa, o sítio ou a fazenda. Em suma, é o lugar no qual vive com o seu dono.
Nestes espaços, o homem como um ser racional e inteligente, precisa entender: aquele espaço será sempre guardado e protegido pelos cães que lá habitam.
ESTE PRINCÍPIO NÃO PODE SER IGNORADO POR NINGUÉM E OS PAIS DEVEM LEMBRAR DE ALERTAR ESTE PRINCÍPIO AOS FILHOS.
O território do cão pode ser dividido em dois tipos: o território principal, representado pela área em que o cão vive com o seu dono; e o território secundário, que poderá ser a rua, a praça, as áreas de passeio ou ainda, no interior, o local das caçadas.
No território principal, poderão viver um ou mais cães e o líder demarcará, freqüentemente, com a sua urina toda área, para dizer que aquele espaço é dele e será defendido com unhas e dentes, numa tentativa de invasão.
No território secundário, o cão poderá também realizar sinalizações com a sua urina nas arvores, postes e até em muros. Nestes casos, a sinalização não tem o objetivo de domínio do território, mas sim o objetivo de indicar e sinalizar o caminho das suas expedições.
Em princípio, os cães demonstram agressividade somente no território principal e um cão de guarda normal e equilibrado, não sai atacando sem motivo real e sem seguir as etapas de um ritual canino de advertência, que são:
Ao constatar uma aproximação ou invasão: O CÃO INICIALMENTE DARÁ UM LATIDO DE ALERTA;
Persistido a trajetória da invasão: O CÃO IRÁ ROSNAR;
Não bastando estes avisos e permanecendo o risco de invasão: O CÃO EXIBIRÁ CLARAMENTE AS SUAS ARMAS, OS DENTES E CONTINUARÁ ROSNANDO.
E a ultima fase do ritual de agressão: O CÃO AVANÇA, MANTÉM UM FIRME CONTATO VISUAL COM O ESTRANHO, LATE, MOSTRA OS DENTES, AVANÇA E REALMENTE PODERÁ MORDER!
Riscos de agressões no território secundário são bem mais raros, a não ser que o cão tenha sido instigado voluntariamente por estranhos no seu território, fato muito comum no trajeto das crianças para a escola. Algumas instigam, batem nas grades ou atiram objetos dentro do território do cão. No futuro poderão elas, ou outras crianças, por semelhança física, serem vítimas de uma agressão.
Ao entrar ou permanecer no território principal, as pessoas devem também observar e respeitar um ritual, ou seja: Nunca entrar em casas ou terrenos onde vivem cães de qualquer raça, mesmo os de companhia, sem estar acompanhado do dono.
O dono da casa deverá apresentar o convidado ao cão, como amigo.
É importante observar que mesmo havendo um grau de sociabilização do cão de guarda, ele sempre estará atento para qualquer atitude estranha do visitante.
O visitante deverá evitar falar alto, gesticular ou realizar movimentação brusca, principalmente em direção de qualquer pessoa da casa. Num dia de festa, o cão deverá ficar no seu canil, principalmente se houver a participação de crianças, pois elas não têm noção do risco e nem limites com brincadeiras ou toques.
O cão acorrentado num vai-vem no seu território, será fatalmente levado para uma agressividade doentia, porque o seu território ficou limitado ao espaço da corrente. Normalmente, estranhos passam no território principal e ainda instigam e provocam o cão acorrentado. Este fato é altamente frustrante e angustiante para o cão, que não consegue defender totalmente o seu território. Com o passar do tempo, entra em grave estado de stress, do stress passa para o descontrole emocional e na fase final para uma agressividade desenfreada, neste estado poderá atacar qualquer pessoa, inclusive os próprios familiares.
O homem, como um ser racional e inteligente, precisa entender que, apesar de toda a nossa evolução tecnológica, o cão, o nosso melhor amigo, continua agindo por instinto, como agia milhares de anos atrás. Somos nós que temos a obrigação de entendê-lo e respeitá-lo. Ele, com certeza, continuará sendo sempre o nosso melhor amigo!

Agressividade maternal
A manifestação da agressividade maternal, pode ocorrer tanto em fêmeas em gestação de fato, como também naquelas em estado de falsa prenhez. Estas podem assumir e apresentar atitudes e comportamentos idênticos a tal ponto que nelas também poderão ocorrer as transformações fisiológicas similares às primeiras.
As fêmeas, normalmente apresentam um temperamento muito mais dócil e meigo do que os machos. No entanto, este temperamento poderá sofrer uma total transformação por ocasião do parto.
A mudança ocorre em função de um hormônio que as fêmeas produzem no final do período de gestação e no início do parto, chamado PROLACTINA. Este hormônio eleva consideravelmente o instinto de proteção e de defesa das parturientes. É uma ação inteligente da natureza em favor dos filhotes recém-nascidos e era de extrema utilidade em tempos remotos, quando os cães viviam em estado selvagem, como ainda hoje vivem os seus ancestrais, os lobos. Os filhotes tinham que ser protegidos e defendidos poderosamente contra a ação dos predadores naturais.
A intensidade da manifestação da agressividade poderá ser maior ou menor, como também não necessariamente dirigida a todos os membros da família, como ainda manifestar total confiança num familiar, a tal ponto de aceitá-lo pacificamente durante o parto.
Normalmente, setenta e duas horas após o parto, as fêmeas começam a se tranqüilizar e permitem novamente a aproximação dos familiares.
É importantíssimo conhecer esta situação de agressividade passageira das parturientes, para evitar acidentes, como também saber respeitar este momento e compreender a necessidade de total tranqüilidade que a fêmea precisa nesta ocasião.
A movimentação, a agitação e o barulho em volta ou próximo ao ninho poderão levá-la a um estado de insegurança e stress e em conseqüência prolongar o estado de agressividade, ficar sem leite, rejeitar os filhotes ou mesmo em situações mais graves, devorá-los (canibalismo).
Ter conhecimento dos riscos e acidentes neste período, respeitando esta situação transitória, e proporcionando o conforto e a tranqüilidade necessária, estaremos colaborando para o bem-estar da mãe e dos filhotes e ainda evitando acidentes com os familiares.
FIQUE ALERTA, VÁ COM CALMA E DEPOIS CURTA OS FILHOTES!!!

Agressividade por disputa de posição
A agressividade por disputa de posição, é uma manifestação comportamental que ocorre entre os cães através de manifestações de uma série de atitudes e posturas, que têm como objetivo principal, determinar através de um ritual, a hierarquia dentro da matilha.
Estas manifestações são instintivas e os cães têm absoluta necessidade de estabelecer, definir e manter desde cedo as posições hierárquicas de cada um na matilha, e desta forma estabelecer a sua posição de dominância ou de submissão.
Para o cão, o homem e sua família, são também membros integrantes da sua matilha. Portanto, sob o ponto de vista CANINO, o cão disputará e estabelecerá da mesma forma a hierarquia de dominância ou de submissão com todos os participantes do grupo familiar.
É importante que nesta relação homem/cão, nós humanos tenhamos conhecimento deste fato e dos seus respectivos rituais e conseqüências.
E o mais importante ainda, que homem, seja o dominante, assim, terá naturalmente maior facilidade em determinar as regras e conseqüentemente, obter o cumprimento das mesmas.
Os filhotes dominantes já apresentam claras manifestações de dominância na própria ninhada: no convívio com seus irmãos podem ser observados os primeiros rituais e sinais e dominância e de submissão.
Ainda na ninhada, após os 35 dias de vida aproximadamente, a própria mãe ensina aos filhotes o ritual de submissão que é repetido diversas vezes, até que todos os filhotes tenham aprendido. Os filhotes que são separados precocemente da ninhada, perdem este elo de educação e no futuro terão dificuldades tanto de relacionamento como na sociabilização
Para uma melhor compreensão de como ocorre a agressividade por disputa de posição, relacionamos abaixo alguns rituais que sinalizam a dominância ou submissão:
= Perseguir os irmãos de ninhada;
= Assumir uma postura de ficar de pé em cima do companheiro de ninhada;
= Em movimentação, andar em forma circular ao redor do irmão de ninhada;
= Afastar ou empurrar o irmão de ninhada com o ombro ou a com coxa;
= Apoiar os membros dianteiros no dorso de outro cão;
= Atacar outro cão no pescoço ou no focinho;
= Urinar em cima de outro cão ou pessoa;
= Rosnar, mordiscar ou morder outros cães ou pessoas;
= Montar em outro cão ou pessoa;
= Ficar por cima de outro cão ou pessoa;
= Chamar atenção colocando a pata sobre a pessoa para obter atenção ou pedir carinho;
= Bloquear o acesso para outros ambientes, como salas, corredores ou escadas;
= Guardar e proteger alimentos, brinquedos e não permitir que outro cão ou pessoa se aproxime ou os pegue;
= Não permitir acesso ao local em que estiver.
Não é bom e nem vantajoso para o cão manter um clima de luta e agressão indefinida dentro da matilha, porque esta atitude traria desvantagem e conseqüentemente um enfraquecimento da própria matilha. O ritual tem como objetivo definir rapidamente quem é o dominante e quem é submisso.
O dono às vezes, involuntariamente e por desconhecimento, sinaliza claramente que ele é o submisso, e o cão é o dominante. Num momento seguinte, o homem quer obter e submissão do cão, mas não será obedecido, podendo iniciar-se uma manifestação de agressividade por parte do cão para manter a sua posição de dominância, já conquistada anteriormente.
Convém observar que o relacionamento correto entre o homem e o seu cão, são importantíssimos e devem ser definidos ou resolvidos ainda na idade de filhote. Quando o dono não tem conhecimento suficiente para entender e resolver este tipo de conflito, deve procurar imediatamente um profissional para receber uma orientação correta.
A demora para buscar auxílio, poderá agravar a situação e ser um fator de agressividade permanente com outros cães e até com os familiares.

Agressividade predatória
O cão por natureza é um caçador, e portanto, um predador natural, como tantos outros animais. Em tempos remotos, a sua sobrevivência e o da matilha, eram garantidos com as sobras de carcaças deixadas por outros predadores ou da sua própria caça, assim como ainda hoje fazem os lobos em estado selvagem.
Para caçar, a agressividade é um componente importante e fundamental. Apesar de os cães hoje usufruírem o status de animais domesticados e muitos ainda ostentarem até a fama de cães de companhia, eles mantêm os seus instintos primitivos e selvagens intactos.
Quando os cães não foram suficientemente e corretamente sociabilizados desde filhotes no seu ambiente doméstico e urbano, poderá aflorar inadequadamente o seu instinto predador ou de caça, diante de situações que representam movimentação, com riscos de acidentes.
A agressividade predatória é despertada através do movimento. Pode ser tanto a movimentação de seres vivos, como crianças e animais correndo, ou também de objetos em geral, tais como bolas, rodas de bicicleta, carros, skate em movimento e até a própria roupa no varal, balançada pelo vento. São situações que poderão levar o cão a aguçar o seu instinto de caça e iniciar uma perseguição.
O movimento, na visão canina, representa fuga e a fuga desperta imediatamente o seu instinto predador, dando início às seguintes fases da caça:
= Perseguição;
= Captura e
= Mordedura.
Este comportamento agressivo somente cessará no momento em que a vitima não mais apresentar nenhum sinal de movimento, ou seja, está abatida.
Mesmo domesticado e até apresentado um temperamento dócil e equilibrado, o cão preserva o instinto de caça. Na rua ou nas praças, não faltarão oportunidades e situações que poderão levar o cão não sociabilizado a iniciar uma perseguição, provocando situações constrangedoras com outros cidadãos, ou ainda o próprio cão ser vítima de um atropelamento, se eventualmente sair correndo e atravessar uma rua. Por isso, a necessidade e a importância do cão sempre ser conduzido por uma guia e sob o controle total do condutor.
O sonho da maioria dos donos de cães é possuir um cão obediente, que caminhe ou corra tranqüilamente a seu lado, no seu ritmo, sem dar atenção a ninguém e o máximo de tudo, sem guia… Mas, é conveniente a gente se lembrar que o nosso amigão, apesar dos pesares, continua sendo um animal irracional, e portanto regido pelo instinto e não pela razão. É importante:
= Que o cão seja corretamente sociabilizado desde filhote;
= Tenha contato com outros animais;
= Seja familiarizado com os mais diversos ruídos e movimentos, tanto dentro como fora de casa como na rua e nas praças;
= Conheça desde cedo, tudo aquilo que amanhã encontrará no seu dia-a-dia, em relação a cães, outros animais e também objetos e coisas como bolas, bicicletas, motos, carros, caminhões etc…

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